O lixão que a roça não previu
Era uma vez um tempo que não volta mais! A vida na roça!
Ah! A era feliz que não sabia!
Era que não tinha desperdício e nem poluição!
O pomar se revezando e frutos dando o ano inteiro, numa bênção que não se esbanja!
No galinheiro, um grande puleiro, cheinho de galinhas engordando e botando!
Alimentadas pelas sobras do lar!
As vacas pastando livres e dando leite!
Manteiga, queijo e doce na gaveta de mesa tosca, sempre para degustar!
O porco engordando e cascas das frutas e verduras indo todas pro chiqueiro, nada se perdendo, tudo se ganhando e se transformando na lei da fartura, onde a vida dura, “se plantando, tudo dá”.
Na terra trabalhada, lixo não tem não!
O estrume virando adubo, agrotóxico não contaminava a plantação!
O homem do campo que comia gordura queimava a caloria no cabo da enxada.
Tomando cachaça e pitando seu cigarro de palha!
Vida sofrida, mas não estressada!
Morria-se de velho e não de AVC!
Colchão de capim, travesseiro de marcela,
Luz de lamparina ou de vela,
Fogão de lenha, panela de pedra,
Casa de adobe, telhado de sapê,
E um ar puro ao amanhecer!
Hoje o mundo se perdeu na multidão!
E a vida fácil que se esperava na cidade grande, acabou virando ilusão.
O povo passando fome, cada um com um sobrenome,
Ninguém mais tem coração!
Só se vê a vaidade e pra dizer a verdade
Essa nossa humanidade que tinha os pés no chão,
Está morando hoje num lixão!!!
Valleria Gurgel
25/04/2010
Valéria Cristina Gurgel
Enviado por Valéria Cristina Gurgel em 26/04/2010