Textos
Dona Mocinha e Zé Aborrescente!!!
Dona Mocinha e Zé Aborrescente é um casal muito tradicional, mas não são bastante modernos para os tempos atuais!
Eles insistem em viver juntos, até que a morte os separe ou eles mesmos se matem!
Eles se apaixonaram há muitas décadas atrás e se atraíram por algumas coisas simples que ambos tinham em comum. Como ficar sentados no banco da praça admirando a lua e recitando trovas e versos de amor.
Dividir a mesma xícara de café, o mesmo pedaço de bolo até que resolveram se unir e dividir a casa, o quarto, o corpo, os gostos e os desgostos!
E foi assim que tudo desandou...
Hoje eu poderia arriscar em dizer que eles possam não ser mais apaixonados, mas se tornaram completamente alucinados um pelo outro!
Talvez essa alucinação se deu pelos longos e tortuosos dias que cada um teimou em tolerar o outro. Uma convivência estressante, torturante, alucinante!
Dona Mocinha já com seus setenta e nove anos, se arruma, se pinta, se enfeita, se apronta, ainda sonha em reconquistar seu par perfeito. Seu príncipe encantado, para um beijo lhe roubar!
Zé Aborrescente, com seus oitenta e três, acreditando que no mundo ainda há de nascer outra, capaz de aturar meio século de dependência, de carência, de enchessão, sem nenhuma reclamação!
Meu anjo prá cá, meu bem prá lá, meu chuchuzinho, meu amorzinho,
Minha ternurinha, minha gatinha, meu tesouro, meu ouro
Meu docinho de côco...Hummmm....
Que virou veneno!
Uma relação ou um vício que não é nada pequeno!
No decorrer dos anos...
Meu demônio, meu mal,meu carma, coisa e tal...
Minha enjoadinha, minha veinha, a polícia, minha dona encrenca.
O gato virou tigrão e o tesouro foi roubado, o ouro enferrujou!O príncipe virou sapo, o encantamento se quebrou!
Lá vem o Sô Mané arrastando as chinelas com seu barrigão!
Olha lá, minha Domaria, de avental e vassoura na mão!
Ela gosta de forró, ele de pescaria
Ela gosta às vezes de ficar só, ele de muita companhia
Ela vai para a igreja, ele vai pro bar
Um quer ouvir música, o outro quer rezar
Ela quer ler, ele quer ver Tv
Se um vive de dieta, o outro vive na gordura
Se um fica em casa, o outro vai prá rua
Um é diabético, o outro adora rapadura
Ela gosta de novela, ele de futebol
Ela é vegetariana, ele adora carne de sol
Ela é Atleticana, ele Cruzeirense
Se ele torcer pro Flamengo, ela vira Palmeirense
Ela limpa ele suja, ele conserta ela estraga
Se ela se arruma é pra se mostrar, se desleixa é pra irritar
Ele se perfuma ela critica
Ele emburra, ela cutuca
Se ele tomar cachaça ela se mata, se ela sai sozinha ele suicida.
Uma longa história que só serve pra contrariar?
Mas que vida!
Ela é o chulé de seu pé!
Ele é o calo de seu sapato!
Não tem mesmo o que fazer, é um caso consumado.
Êita casal sem vergonha!
Quem se envolve entra em cana!
Pois o dia inteiro eles brigam, mas a noite eles se amam!!!
Valleria Gurgel
Outono de 05 de Maio de 2012
PoetasDelMundo
Clip Poetas Amigos
www.valleriagurgel.com
Valéria Cristina Gurgel
Enviado por Valéria Cristina Gurgel em 06/05/2012
Alterado em 26/07/2012
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.