O Vagalume deprimido
O Vá
O Vaga
O Vagalume
Lume...Lume...Lumiar!
O Vá era um vagalume muito deprimido. Estava desiludido, pois perdera a sua luz.
Há muito tempo sua linda luz verde não ascendia mais e ele estava mesmo ficando muito triste. Assim ele passava noites inteiras a dormir. E nem mais queria sair. Nem voar, nem passear pelo jardim. Ele tinha medo do escuro e do maior absurdo já visto; Ser confundido com uma barata!
Assim, o Vá, foi ficando cabisbaixo quieto e calado. Já não mais reunia, nem comia, nem tinha euforia com seus amigos, os outros insetos do jardim.
Sr. Be, seu velho amigo, o besouro mais forte do jardim, estava ficando muito preocupado com seu melhor amigo, o Vá. Que em tempos idos, voavam juntos e cometiam tantas travessuras e aventuras; O vagalume a iluminar o caminho e o Be, tão desengonçado, não precisava trombar em tudo e depois ficar por longas horas rodopiando ao chão de barriga para cima a zoar, a espera que algum amigo o ajudasse a se virar outra vez! Visto que era muito gordo e cascorento.
Seu Be, em tamanha consideração ao seu amigo, resolveu sair pelo jardim a procura de alguém que pudesse o ajudar, a ajudar o Vá.
Pediu ajuda para a tanajura. Ela jurou ajuda, mas não cumpriu.
Foi atrás de dona Joana. Mas essa estava tão envolvida com seu tratamento de pele, querendo se livrar de suas pintas, que sequer deu confiança.
Bateu as portas do casulo, que continuou encasulado e nem sequer atendeu.
Chamou o beija flor. Esse ai? Ah... Só queria mesmo namorar as flores mais coloridas e perfumadas. Muito atônito, beijando aqui, beijando ali, beijando acolá e sem sequer parar um minuto de voar!
Seu Be, já muito desanimado, quase desistindo de poder conseguir um jeito de ajudar seu amigo, foi atrás do velho zangão. Apesar de viver sempre zangado, tinha muito tempo. Afinal não fazia nada a não ser ficar vendo a sua rainha trabalhar na colmeia!
E ainda sim reclamava dela! Dizia que só queria saber de fazer mel!
Então, seu Be, muito chateado olhou para o céu e fez uma prece. Pediu ao bom Deus que ajudasse seu amigo Vá, antes que fosse tarde demais. Ele precisava voltar a brilhar!
O velho inseto, que era um besouro de fé, depois de tanto andar a pé, pensando que já não tinha mais mesmo o que fazer resolveu descansar e esperar que uma solução pudesse chegar.
Deitou assim bem em cima de uma pedra, para tirar uma boa soneca Roncou...Roncou... Roncou...
E por lá ficou por longas horas...
Quando acordou, viu uma cena trágica que o chocou.
As formigas estavam em festa!E tentavam todas juntas carregar o corpo do Vá para o formigueiro. Faziam assim uma imensa fila como numa procissão!Be tomou um tremendo susto. Não podia acreditar que aquele era o enterro de seu maior amigo e companheiro!Não era possível que seu amigo pudesse mesmo ter morrido antes que ele pudesse lhe ajudar. Assim, aquele velho besouro, cascudo e rabugento, começou a chorar, a zoar e rodopiar-se ao chão, como um pirracento meninão! Parecia mesmo um louco a tentar afastar todas aquelas formigas daquele corpo. Assim, seu Be fazia um barulho horrível e tão logo escurecia e vinha a filha da dona Maria. Que pegou o chinelo para matar todos aqueles insetos.
Quando Karina levantou o chinelo para matar o Be, ela se assustou violentamente com o Vá.Achando justamente, como ele tinha em mente, que ele era uma barata.E deu uma leve chinelada no vagalume que de susto, ascendeu a sua luz verde e saiu voando...
A menina, muito comovida e encantada, percebeu que por pouco matava um inseto enganada. E se foi, muito admirada, por não saber distinguir um vagalume de uma barata!
Mas sem perceber, ela acabou ajudando o Vá a voltar a se iluminar!
Seu Be, apesar de também quase ter morrido por tentar em vão salvar o seu amigo, saiu voando feliz, por saber que agora, voltaria a poder contar com a luz do vagalume, a iluminar as noites escuras.
Valleria Gurgel
21 de Julho de 2013.
Valéria Cristina Gurgel
Enviado por Valéria Cristina Gurgel em 15/08/2013