O reino perdido das margaridas
Marg era uma linda margarida. Frágil, delicada, suas pétalas brancas, muito linda e perfumada. Porém, essa flor, era muito mimada. Vivia cercada de companhia, todas iguais a ela. Sua mãe, a rainha Margo tinha muito medo que algo de grave acontecesse com a sua filha. E por isso, preferia que aquela margaridinha tão pequenina, vivesse cercada de flores belas, todas eram margaridas,assim como ela, para que desse modo, pudesse ser confundida e provavelmente protegida de qualquer mal que pudesse lhe afligir. A rainha tinha pavor só de pensar que algum dissabor pudesse entristecer aquela pequena flor.
Mas a pequena Marg, não era feliz em seu reino!Ela tinha um sonho. Sair Dalí, visitar outros reinos distantes, onde em meio ao horizonte, pudesse respirar novos ares e o frescor de outras flores, ver outras cores mais vivas e mais atraentes!Queria viver as aventuras e cometer loucuras.Conhecer as pragas de um jardim, os pulgões, as minhocas, outras pétalas, os seus perfumes e também os seus espinhos!Queria ser beijada por um beija flor, ser tocada, ser amada e mesmo sabendo dos riscos que existiam em outros jardins onde crianças podiam arrancar as flores dos canteiros e até alguns animais chegavam a pisoteá-las e até mesmo a comelas por inteiro, mesmo assim ela queria viver de uma forma diferente e atraente onde muitas coisas diferentes pudessem acontecer.
Mas ali,naquele reino perdido das margaridas, nada de novo acontecia. E assim aquela jovem margarida foi ficando triste e perdendo assim as suas pétalas. Pétalas por pétalas, para desespero de sua mãe.
Há muito tempo já nem mais sobrevoava por ali nenhum pássaro. O rei e a rainha tinham receio de que se algum deles tentasse retirar o pólen de sua filha que pudesse feri-la! O rei Crisântemo, a pedido da rainha Margo, proibira que qualquer outra espécie de flor fosse plantada naquele reino. Não queriam que as espécies se misturassem.Nem que a pequena Marg pudesse conviver com outras flores, outras plantas, nem insetos apareciam por ali.
Muitos anos se passaram...
Muitas margaridas murcharam... Outras morreram...
E Marg ali, a espera que algo de novo pudesse acontecer e mudar a sua vida sem graça e sem prazer.
Um dia, o céu escureceu. E um vendaval estava para se fazer. Ali, naquele reino perdido, não havia árvores, plantas nem sequer um animal que pudesse protegê-los. Assim, o rei, a rainha e pequena princesinha se viram em perigo. Um forte raio cortou o céu e uma tempestade torrencial desceu a Terra. Todas as margaridas foram arrancadas e arrastadas para bem longe dali.A pequena princesa, indefesa, tremia de frio e de medo sem saber o que fazer e nem para onde seguir.
Até que um ninho de passarinhos foi lançado bem em cima daquela frágil margarida que se despetalou-se ao chão. Tão logo um gavião atento e faminto, passou sobrevoando aquela região devastada pela tempestade a procura de alimento. Não tardou em perceber o ninho de passarinhos, repleto de ovinhos, em meio às últimas pétalas da pequena margarida completamente despetalada. Ele assim lançou suas garras afiadas prendendo o ninho junto às raízes da margarida alçando um voo alto e contínuo. O gavião sobrevoou florestas e montanhas e sem perceber deixou que a margarida indefesa junto daquele ninho de pássaros caísse de suas garras indo parar dentro de um lago de águas cristalinas, porém, repleto de lodo ao redor. Logo Mag se agarrou as raízes que boiavam sobre o lago e se transformou em uma planta aquática muito bela que se chamou Vitória Regia. O rei Crisântemo e a rainha Margo se viram completamente apavorados ao sentir tão abandonados e sem a presença de sua única filha. Mas aprenderam uma grande lição:
Ninguém nasceu para viver só. E todos os seres precisam uns dos outros mutuamente.
Então, a partir desse dia, diante da tristeza e da solidão ao perder a filha querida, eles abriram as portas de seu reino para entrar todas as espécies de flores, de árvores de pássaros, insetos e animais. E aquele reino passou a ficar conhecido e nunca mais perdido ou esquecido entre as matas.
E Marg, passou a viver feliz naquele lago a passear entre as águas verdes e cristalinas em meio a inúmeras outras Vitórias Regias que ela procriou. Dividiam aquele lago com tantas outras plantas, flores, frutos, peixes e pássaros. As vezes ela passava bem pertinho do reino,quando um barco a arrastava para longe. Mas ela nunca mais quis voltar para casa. Aprendeu a conhecer o gostinho da liberdade e da aventura de ter uma vida cheinha de emoções e amigos, mesmo sabendo dos perigos que podia correr, ela preferiu escolher correr riscos, mas... Viver!
Valleria Gurgel
30 de Julho de 2013.
Valéria Cristina Gurgel
Enviado por Valéria Cristina Gurgel em 15/08/2013