Valéria Gurgel
"Ficção, Romance, Emoção, Aventura e suspense"
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Textos
Amigos para sempre!!! “Contos de amor”


A casa era grande, no alto de um morro! Muitas plantas e árvores frutíferas. E possuía um lindo terraço que dava vista para as montanhas. Era lá que o senhor Antônio, um homem na faixa dos sessenta e oito anos de idade, morava. Sozinho, aposentado, viúvo, não possuía filhos, nem netos. Não tinha ninguém com ele naquele imenso e velho casarão. A não ser inúmeras espécies de pássaros de todas as cores de diversos cantos. Mas infelizmente, todos aprisionados em gaiolas que se amontoavam enfileiradas e dependuradas por entre os caibros do telhado. O velho tinha orgulho de seus pássaros. E para ele, cuidar dos pequenos cantadores, era sim o seu hobby predileto, sua maior distração e prazer. Todos eles eram registrados no IBAMA. Eles cantavam o dia inteirinho, os pobrezinhos passarinhos, sem poder conhecer o doce prazer da liberdade de voar. Mas o velho tinha um gasto excessivo com frutas, alpistes, rações e vitaminas para manter a alimentação e a saúde dos pequenos seres em dia. E achava assim que para eles, era mesmo melhor viverem presos, pois eram bem cuidados. Aquele homem, já nem mais saía de casa, tornando-se também prisioneiro daquela idéia alucinada de colecionar tantos pássaros.
Um dia, Seu Antônio adoeceu. E precisou ficar internado por nove dias para se curar de uma pneumonia que se agravou, devido ao excesso de nicotina em seus pulmões, durante anos fumando. E seus passarinhos ficaram a mercê da sorte. Pois não tinham ninguém pra deles cuidar! Quando voltou, percebeu que uma das gaiolas onde criava dois pintassilgos, já há alguns anos, tinha quebrado uma vareta de madeira e que os seus dois passarinhos haviam fugido! Mas os seus vizinhos, contaram que viram os dois pintassilgos, alimentando todos os outros passarinhos que estavam presos! Levando em seus bicos, alimentos para os amigos que estavam aprisionados. Seu Antônio ficara chateado por ter perdido os dois pintassilgos que eram os seus prediletos! E não acreditou que os vizinhos falavam a verdade. Apesar de ver que seus pássaros não adoeceram na sua ausência e estavam gordinhos. Nem conseguiu jantar de tanto desgosto, ao lembrar-se dos dois que se foram! Deu uma volta pelas ruas do seu bairro assobiando à procura dos dois fujões e nada.
No outro dia cedo, o interfone de sua casa toca. Era seu vizinho avisando que os seus dois passarinhos estavam lá cantando na árvore de sua casa. E que se lhe arrumasse um canário, conseguiria atraí-los para dentro da gaiola novamente. Seu Antônio nem se conteve de tanta alegria e no outro dia, lá vinha o seu vizinho, o João, trazendo um deles em companhia do canário. Mas o outro pintassilgo desaparecera de vez! Ele então deixou o pássaro, o outro pintassilgo, sozinho na gaiola. Tico tava tristonho e nem mais cantava.
Não queria comer e nem beber e foi emagrecendo e suas penas ficando ralas e sem vida! Os dias se passaram... Até que seu Antônio percebeu e resolveu abrir a gaiola e o deixar partir. Mas mesmo com a portinhola da gaiola, agora sempre aberta, ele não quis sair, tamanha era a sua tristeza sem o seu companheiro de longos anos.
Uma bela manhã, para a surpresa de Tico e do seu dono,Teco aparecera e entrou sozinho na gaiola. Voltou por vontade própria, veio fazer companhia para seu amigo, o outro pintassilgo que estava só. A felicidade foi geral! Logo Tico voltou a cantar e a comer e Teco também cantava alto, parecia um segundo canto, um respondendo para o outro como eram felizes por estar juntos novamente, mesmo presos em uma gaiola.
Seu Antônio, depois de receber uma grande lição de companheirismo e solidariedade entre dois pequeninos amigos, resolveu abrir de vez todas as portas de suas gaiolas e construiu um viveiro gigante sem tela, onde todos os pássaros pudessem entrar e sair, comer e beber sem ter que pagarem o preço pela própria liberdade.
No reino animal também há grandes e eternos laços de amizade! Tico e Teco provaram ao dono que nunca se separariam. Mesmo se eles precisassem viver aprisionados, para o resto de suas vidas. Cuidaram por nove dias, de todos os seus amigos, que estavam presos e que poderiam morrer de fome, na ausência de seu Antônio. Fizeram com que uma revolução acontecesse na vida de todos aqueles passarinhos, que se tornaram livres e amigos para sempre.

Valleria Gurgel


 
Valéria Cristina Gurgel
Enviado por Valéria Cristina Gurgel em 15/08/2013
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