A Felicidade é como um pássaro azul
Se você fosse o personagem de um livro, ou de um filme, qual você seria?
Eu seria a Mytyl. A garotinha que foi interpretada por Shirley Temple no filme O pássaro azul, produzido em 1936. E foi indicado mais tarde a dois Oscars.
O livro, na verdade, uma peça, que foi adaptada também para o cinema, pelo roteirista Walter Bullock, foi escrito pelo dramaturgo Maurice Maeterlinck e publicado em 1909 pela primeira vez.
Desde pequena me encantei pela fantasia e pela ficção. Até que me tornei uma escritora de livros infantis e de ficção a partir de meus onze anos de idade. E esse filme, desde a primeira vez que o vi, me impactou e norteou toda a minha vida.
Mytyl, uma garotinha muito esperta. Encontra um pássaro e o prende em uma gaiola. Vivia insatisfeita com a vida triste e de tantas limitações que levava em casa. As dificuldades financeiras enfrentadas pela sua família e o sofrimento deles diante uma vida muito simples, às vezes faltava até o básico para a sobrevivência.
Logo, seu pai é escalado para ir para a guerra, deixando sua mãe sozinha com ela e seu irmão menor Tytyl, interpretado pelo ator Johnny Russell, numa vida dura e de muitas incertezas do porvir.
Um dia, à noite, ela recebe a visita de uma linda fada. Mytyl decide contar para ela todos os problemas de sua humilde família e pede ajuda para encontrar a tal felicidade tão rara por ali.
A fada lhe diz que deveria encontrar o pássaro azul e só assim teria a sua felicidade e de sua família. Deveria procurá-lo no passado, no presente e no futuro.
Então, ela decide sair em busca desse tal pássaro azul junto com seu irmãozinho, sua gata Tylette e seu cachorro Tylo.
Nessa busca, eles vivem inúmeras aventuras. E se veem envolvidos em situações alegres e outras tristes. Conhecem a riqueza. São adotados por uma família de classe alta no presente, e descobrem que nela também há desafios tantos a vencer.
Eles vão ao passado, reveem seus antepassados, seus avós e descobrem que não podem ficar lá. Vão também ao futuro, onde assistem cenas ainda não acontecidas na vida da família deles, mas em nenhum desses lugares e situações vivenciadas o pássaro foi encontrado. E ficaram muito decepcionados.
Sempre segui refletindo a moral dessa história e que esteve muito presente e viva em minha vida até hoje.
A coragem de querer lutar por algo com determinação. E de sair em busca de meus objetivos e sonhos foram marcantes para mim e sempre me enxerguei vivendo o papel da Mytyl.
No fim da história ela descobre que o tal pássaro azul, sempre esteve presente a todo momento com ela, preso em uma gaiola. Foi ela mesma quem o prendeu, no fundo do quintal de sua casa, só que nem ela, nem ninguém percebeu.
Ou seja, a felicidade sempre existe, sempre está presente, porque ela está dentro de nós, basta senti-la, querer senti-la. Mas, às vezes, nós a prendemos.
E esse fato é ainda mais crucial e reflexivo no meu dia a dia.
Porque ainda que sempre sai, e segui buscando alcançar meus objetivos, sonhos e projetos de vida, nunca deixei de ser feliz no aqui e no agora, e onde estivesse, independente de… porque a felicidade não deve e nem pode ficar presa em nada e em nenhum lugar.
Escolhi ser feliz! Porque aprendi que a felicidade é tão complexa e ao mesmo tempo tão subjetiva e simples, que muitos não conseguem percebê-la.
A história do pássaro azul me mostrou isso e desde pequena fui capaz de entender.
Felicidade é uma decisão. É um estado de espírito. Você não precisa ir ao encontro dela e sim vivê-la no dia a dia e a todo momento.
Você pode estar triste, por algum motivo que aconteceu. Eu fico triste, mas isso não significa que eu, que você, que todos nós, devemos admitir ser infelizes.
Felicidade já deve existir no pensamento, no trajeto, durante a sua busca, por algum objetivo, a caminho de seus sonhos… Ela não depende da conquista, nem da realização para existir.
Isso é a grande diferença que faz a diferença na vida das pessoas.
Talvez seja esse grande equívoco de interpretação do que é felicidade, que faça tantas pessoas se sentirem tão infelizes. O pássaro azul sempre esteve, está e estará presente em nossas vidas, basta querermos enxergá-lo. E jamais prendê-lo numa gaiola!
Sejamos felizes então! Por que não?
Valéria Gurgel