Professor ou aluno?
Professor ou aluno?
Por Valéria Gurgel
Professor e aluno!
Sou professora, mas, eternamente aluna. O processo de aprendizado nunca cessa. Eu amo aprender. E também sei que tenho o dom de ensinar. Qualquer coisa, porque tenho muita paciência e sempre uso exemplos cotidianos para o entendimento ser mais fácil de ser percebido. Para se ensinar algo a alguém, não basta saber, ou seja, ter o conhecimento de algo, há também que saber como passar adiante e amar esse processo.
Vivemos uma era em que já quase não se vê pessoas que gostam de ensinar e nem quem tenha interesse em aprender. Talvez seja esse um dos grandes motivos de assistir uma humanidade emburrecendo-se a cada dia um pouco mais nas últimas décadas e tão vulnerável ao analisar as grandes massas d população mundial, que aceitam ou preferem se distrair com coisas e situações fúteis, inúteis, pelo simples prazer de manter a mente vazia, como sinônimo de relaxamento ou lazer. É o direito de cada um, porém, há uma grande perda de tempo e de oportunidades de evolução do despertar da consciência.
Em meio a tudo isso, o que não falta são os espertos, e trapaceiros de plantão, que se comprazem em saber algo a mais, mas sempre, aquele algo, com o velho intuito mesquinho que tendem a enganar, ludibriar, iludir, aterrorizar, roubar, escravizar as mentes vazias ou dos menos esclarecidos.
O conhecimento nos liberta. Nos faz pensar, refletir, observar. Nos dá coragem porque traz discernimento, e nos faz perceber a razão à frente da emoção. A orientação lógica e consistente, rasga o véu dos muitos anonimatos e incógnitas do mundo. Se bem intencionado.
Não é raro assistirmos a tantas perseguições àqueles que armazenavam e cultivavam conhecimentos e sua sabedoria. Esses eram tidos os perigosos, os bruxos, os feiticeiros, os loucos, até tidos como malditos demônios. Simplesmente porque uma mente culta, inteligível não se deixa dominar. Além de serem capazes de esclarecer, orientar e tomar o leme de muitas situações do mundo diante o caos. Vimos Sócrates, Hipátia, Jesus, Joana de Ângelis e tantos milhões serem assassinados. Motivo? Saber demais! Serem portadores de uma moral evoluída. Possuir virtudes.
Ao contrário, alguns chamados líderes, ou meros manipuladores, que sempre existiram, existem e existirão por aí, como nos meios religiosos e políticos, por domínio e ânsia de poder e dinheiro, tentam de todas as formas extorquir dinheiro, apoio, confiança, ideologias, confundir a cabeça dos menos esclarecidos. Aqueles que de certa forma, também, parecem ter preguiça de pensar, de analisar certas questões, de investigar e vão logo acreditando em tudo o que veem, leem ou escutam por aí.
Não há o mínimo de interesse dos manipuladores de mentes em fazer algo para melhorar essa percepção no outro. Auxiliar no processo de alfabetização, de leitura, de escrita, de interpretação de textos, de falas, de escuta. Quanto mais alienado melhor. Melhor até mesmo hoje em dia para acreditarem e repassarem tantas falsas matérias, boatos, vídeos, textos, fotos, montagens, circulando nos meios televisivos e principalmente em redes sociais, as famosas e dramáticas Fake News!
Porque isso os garantem manter-se por cima no trono da liderança, do poder, e do controle da situação e das finanças, enganando o outro, roubando, ameaçando, escravizando, torturando psicologicamente, ou escondendo a verdadeira origem ou versão dos fatos.
O saber sempre foi sinônimo de poder e de muito valor. É o bem mais precioso, porque ninguém pode roubar sabedoria do outro. Mas, não basta saber, há que saber transmitir bem o que sabe e ser verdadeiro. Num intercâmbio intermitente do dar e receber. Ensinar e aprender.
Às vezes sabemos pouco sobre determinado assunto, mas, temos a capacidade de ensinar bem e isso termina fazendo uma grande diferença.
O que mais vejo são pessoas que guardam seus saberes somente para si pois, na hora de ensinar é um desastre! Lógico que há sabedorias que realmente são individuais e ainda que o sábio quisesse passá-la adiante, nem sempre encontraria receptores capazes de absorver esses ensinamentos na íntegra ou até mesmo para um bom uso deles.
Há casos em que é melhor a pura ignorância que o conhecimento, a sabedoria em mãos inadequadas, inábeis. Porque podem danar o mundo. Já assistimos isso acontecer várias vezes e lamentavelmente segue acontecendo.
Muitos são os que abem somente para eles! No dia a dia existe e sempre existirá essa eterna troca entre ensinar e aprender. Sábio e feliz será aquele que, como já dizia a nossa saudosa Cora Coralina, “transfere o que sabe e aprende o que ensina”.
Valéria Cristina Gurgel
Enviado por Valéria Cristina Gurgel em 01/09/2020
Alterado em 22/10/2020