Valéria Gurgel
"Ficção, Romance, Emoção, Aventura e suspense"
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Textos

É preciso olharmo-nos por outro ângulo

“É necessário sair da ilha para vermos a ilha. Não nos vemos se não saímos de nós”

José Saramago (Portugal -16/11/1922 - 18/06/2010)

José Saramago nos aponta através dessa pequena, porém grandiosa frase, um chamado; aprendermos a olhar atentos para nós mesmos. Para nossos anseios, desejos, defeitos, medos, frustrações, sonhos… E só assim descobrir e entender o nosso propósito de vida.

Não com um olhar crítico desolador, que julga, acusa, deprime. Nem com o olhar da egolatria, da vaidade e das arrogâncias dos achismos do saber. Nem com o olhar que sempre aplaude erros disfarçados de acertos, com toda falsa maestria e falsa segurança.

Ele nos atenta e nos convida a olhar, de fora para dentro. Com a percepção e humildade de vermos as possibilidades de mudanças, enxergar a si mesmo com os próprios olhos, sem lentes escuras e sem lentes de aumento, somente por um novo ângulo. Isso é sabedoria de navegante!

Ter coragem para entrar na embarcação, sabendo que se os ventos não forem favoráveis, você tomará o leme e seguirá em frente assim mesmo.

O casulo, protetor, não entende nem conhece as diversas possibilidades da lagarta metamorfosear a vida, ainda que seja rastejar até ganhar estrutura para caminhar sozinha. Acredita ser o fim da jornada, mas, ela se transforma numa borboleta!

O bebê chora ao nascer. Ele teme o desconhecido? Sabe-se lá o que virá?! Mas, ele precisa sair da sua cômoda vida intrauterina para conhecer quem o gerou e o mundo ao seu redor!

Quando certas situações em nossas vidas parecerem inóspitas, quando certos convívios parecerem tóxicos, quando nossos próprios pensamentos e atitudes, ainda que pensamos ser admissíveis nos roubam a paz e nos arrebatam ao isolamento, não se preocupe com o mapa, pense que é possível sair da ilha!

Quando já quase aposentamos a coragem de olharmos diante do espelho da consciência para entender o momento devido do sim e do não, já é mais que a hora de tomar o barco e sair um pouco dessa ilha, para enxergarmos a ilha!

O olhar de fora para dentro sempre nos aponta detalhes que quem está dentro não vê! Quando se torna rotina ser do mesmo jeito, fazer e falar as mesmas coisas, o deixar tudo como está, para quem já está acostumado com o conforto barato do conformismo de seu entorno, não percebe a sujeira acumulada e os estragos provocados de uma desordem interna.

Observar, conhecer, explorar onde há belezas e onde há perigos. Onde posso repousar a minha paz da sensação de dever cumprido, e onde ainda devo arar a terra, semear, adubar e cultivar os canteiros da auto confiança, do amadurecimento, da determinação, da disciplina, da sinceridade, do respeito, da justiça, e do amor.

Uma ilha desconhecida, ainda que bela, pode não estar preparada para ser o oásis humano. Habitar essa ilha desconhecida dentro de nós gera sofrimento.

“É necessário sair da ilha, para vermos a ilha! Não nos vemos, se não saímos de nós”!

Por Valéria Gurgel

14/02/2022

 

Valéria Cristina Gurgel
Enviado por Valéria Cristina Gurgel em 14/02/2022
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