Por Valéria Gurgel
O que nós, mulheres, mais desejamos não é nos igualarmos aos homens! Precisamos de igualdade de oportunidades e não de identidades! Ninguém é igual e cada ser humano merece, e precisa, ter o seu digno valor de existir e de ser. Isso transcende o corpo físico, essa carcaça perecível que abriga a identidade plena.
A alma vivente merece expressar o seu papel e o seu valor no mundo independe de sexo. Depende, sim, de caráter. A harmonia entre essas identidades é que faz o mundo girar.
O machismo não é simplesmente a imposição de um homem sobre uma mulher. É a imposição dos valores masculinos sobre o feminino! Quando a própria mulher rejeita os “valores” femininos ela também está sendo machista! Lembramos que esses “valores femininos” e/ou “valores masculinos” vão além da identidade atrelada ao corpo.
O sentimento de cada um é a sua própria essência, irrepetível e inconfundível. A cobrança e as expectativas sobre as identidades humanas, e seus devidos comportamentos ditados pela sociedade, estão demasiadamente massacrantes.
Há um desequilíbrio que aposta em meros conceitos do que deve ser certo ou errado. Do que é devido ou aceito pelos homens ou pelas mulheres. E é tanto, que já temos medo ao dizer “sou homem”, ou “sou mulher”!
A sociedade estereotipou os sexos, endeusou corpos e dissolveu o precioso valor do sentimento individual do ser. Antes do gênero há esse ser vivo, esse coração que pulsa e clama por justiça, respeito e merece valor!
Muito mais importante que essa guerra de sexos, é percebermos a razão de existirmos! De que vale, afinal, essa disputa covarde entre direitos e deveres de homens e mulheres?
Quem vale mais quem vale menos, quem é mais, ou menos, capaz de fazer acontecer? Para que esse jogo barato?
O que cada um deveria primeiramente fazer, é se preocupar em não se perder do centro! Descobrir o seu verdadeiro e devido papel no mundo. Aquela ação que somente você pode executar dando o melhor de si. Aquela palavra que só você pode proferir e que nasceu para comunicá-la aos demais. Aquele seu sorriso, aquela sua simpatia e empatia que só você tem e sabe oferecer de forma especial.
Já está mais que comprovado que inteligência, capacidade, força, sensibilidade, competência, amabilidade, virtudes, caráter, não se qualificam por gêneros!
Chega de tantas cobranças e comparações! De que adianta conquistar o mundo e perder-se de si mesmo?
Não gritamos por igualdade e sim pelo direito de sermos o que somos. A nossa luta diária, há séculos e séculos, é por respeito e valor, para termos essa tão necessária dignidade. De expressarmos, trabalharmos e manifestarmos a divina projeção do feminino na vida do mundo.
E, assim, vivermos em paz e harmonia.
08 de março de 2022