Valéria Gurgel
Não se assustem
Se me veem molhando sílabas na sopa
Eu experimento palavras com colher
E só engulo os pensamentos saborizados com emoção, e ao definir a porcelana do prato que me servem.
Deixo na bandeja frases cozidas ao dente
Retenho o verbo no imperativo com gelo
Beberico lentamente os olhares adocicados
Não experimento bebidas ácidas nas taças do passado
Para não me intoxicar de sentimentos que viciam
Se me verem com as retinas opacas, não se afastem!
Não pensem que estou de ressaca por absorver o mal do mundo e antecipar final de histórias.
É só defesa de min’ alma para não me embriagar na festa da vida!