Valéria Gurgel
O direito de posse é um sentimento arraigado no cerne da humanidade.
Posses de valores materiais, posses sobre a razão do outro, do coração do outro, até do pensamento do outro; posses dessas meias verdades humanas.
De todas as diversificadas sensações de posses, a mais desequilibrada é a que detém a posse do outro.
Ninguém é de ninguém. Convivemos, relacionamos uns com os outros, porém, nada e ninguém é eterno e nada e ninguém é posse verdadeiramente adquirida. Nem um terreno, uma casa, um carro, tudo é apenas uso fruto e temporário. Por mais que tenham escrituras reconhecidas e autenticadas em cartório. Imagina a posse de outra pessoa?
Uma mãe que gera um filho, sangue de seu sangue, o filho respira o ar que a mãe respira, alimenta- se de seu leite. O filho depende estritamente dessa mãe para existir e sobreviver por um bom tempo. Ainda assim, a mãe custa acreditar, entender e aceitar que esse ser que nasceu de suas entranhas, também não te pertence!
E assistimos diariamente os piores desequilibrios mentais e atrocidades cruéis e inadmissíveis sendo cometidos pela humanidade, principalmente nas relações confundidas com relações afetivas e amorosas, o que nada de afeto e de amor existe ai. E sim uma relação tóxica, uma enfermidade crônica de apego, de manipulação do outro, de controle e lavagem cerebral.
Ciúmes doentios causados por esse vão sentimento de posse do outro intoxica a mente de si mesmo e do outro. Corrompe e mina o sentimento do outro, o livre árbitro, e a liberdade preciosa de ser e de existir, de pensar, de ter raciocínio próprio e de se relacionar com as demais pessoas. Os amigos se afastam, os parentes se afastam e a pessoa vai se tornando escrava da possessividade alheia.
O direito de pensar, analisar e enxergar situações comuns do dia dia, vai se tornando cada vez mais dificil. O direito de querer e o de não querer. Relacionamentos, convivências, amizades, em todas as situações a posse é mero sentimento provisório.
Não se iluda!
Se nao tivermos consciência plena de quem SOMOS, nem nós mesmos conseguiremos pertencer a nós mesmos!
A verdade é que ninguém é de ninguém