Valéria A Gurgel
O Planeta Terra possui dois Polos, outrora denominados Polos Ártico e Antártico.
Outrora sim, porque nas últimas décadas vimos o planeta ser drasticamente dividido em dois polos, renomeados por POLOS DA IGNORÂNCIA!
Dois extremos da imatura razão. E como se fosse na divisão geográfica, são polos cobertos de hipocrisia congelada. E nessa frieza parece que o sentimento de vida humana não consegue mais existir. São geleiras antagônicas. No extremo norte e no extremo sul de suas ideologias cruéis, mórbidas, insensatas, disputando as estações instáveis, transmudando a natureza do Ser.
Já não podemos vivenciar a primavera de nossos verdes anos, nem os ipês com suas flores coloridas e tão belas. A Rosa de Hiroshima, essa rosa hereditária, segue germinando a dor. Essa rosa radioativa, estúpida, inválida!
Já nem percebemos soprar os ventos de outono que chegam para nos fazer respirar outros ares! Já não temos ares! Que ares? Ares de fumaça? Ares da insegurança do porvir? Ares de contaminação dos agrotóxicos, ares de pólvora, ares de violência, ares de terrorismos, ares de homicídios, de feminicídios, ares de corrupção, ares de incêndios florestais criminosos, ares da mineração? Na terra, no céu, no mar, no ar…estamos atulhados pela insanidade dos que deveriam estar preocupados em usar o poder para cuidar, preservar, proteger o mundo. Onde foram parar nossos ares de responsabilidade e de paz?
O sol de verão já nem brilha para todos! Em nuvens encobertas com caras de monstros assustados ele tenta se safar. Até ele se aflige, o soberano astro do céu, promissor de luz, anda perdendo seu direcionamento celeste e sem entender a quem ele afinal possa iluminar. Um efeito estufa parece nos cozinhar vivos, fritar neurônios, se é que ainda os possuímos!
O inverno nos traz hoje em dia, somente um frio na alma. Um medo que nos paralisa, como um iceberg perdido na imensidão do oceano de inseguranças. Sem sabermos de nossa função, ficamos acorrentados em âncoras que afundam as ilusões.
E no centro do globo, gira um turbilhão de loucos, de desinformados, de confundidos e atordoados em um verdadeiro fogo cruzado pela dupla convicção de suas inverdades apontadas de cá e de lá. Em suma, a única verdade nisso tudo é a que ninguém quer enxergar, ouvir ou acreditar:
- O nosso Planeta Terra está morrendo! E ele ainda é a única e comum morada de todos os seus habitantes. Uma realidade tão óbvia que me chega a parecer inenarrável!
Como pode ser possível compartilhar o mesmo teto, se os próprios moradores estão querendo ver a casa desabar e pegar fogo?
O frio nas mentalidades desses dois polos ignorantes das cabeças extremistas e embriagadas pela sede de poder, são exatamente como regiões polares. Seguirão pleiteando a desrazão de existirem. Usurpando a emoção, os mais puros sentimentos, as fragilidades humanas, a solidão, os vícios, o abandono, a escassez, a fé, a religião.
Esses polos terminam secos e sombrios. São insensibilidades desérticas, improdutivas, mentalmente desidratadas, impróprias para seguir existindo. E o mais triste é que geralmente costumam afetar os meios. Os poucos meios de se adquirir um bom senso.
Os polos das Mentes com suas cabeças congeladas, formam celeiros de neurônios petrificados, já não pensam mais, nem sabem respirar. Totalmente enfermos, espirram leis, escarram propostas tuberculosas e contagiam as taças de quem compartilha de seu vinho tinto de sangue.
Mas, no centro dessa esfera há corações feridos. Eles estão se queimando, ardendo, derretendo a empatia diariamente e o pouco que ainda resta de sentimentos de amor, já não conseguem formar sinapses de afetos. A massa cinzenta do cérebro apodrece e já não sustenta o mínimo de raciocínio lógico possível.
O fogo se alastra de cá e de lá e entre vãs e insanas acusações, prevalece a irresponsabilidade humana diante um planeta em chamas que está se desintegrando a cada dia mais. Canhões de guerra explodem no ar. Mísseis cruzam céu e mar. As matas ardem nas chamas da covardia. São labaredas de incoerências buscando triunfar sobre o prazer de matar, de queimar, de destruir, de exterminar a vida de todos os seres vivos da Terra.
Ciclos se repetem anos pós anos como numa roda de Sansara onde lobos vestidos de santarrões nada se aprendem e o egoísmo e a sede de poder anda secando os nossos mananciais da existência.
Somente o eixo da Sensibilidade poderá equilibrar essa drástica e cruel realidade em que os terráqueos estão vivenciando. Sim, o fim dos tempos!
E todo esse caos pernicioso está em nossas mãos. Nas mãos de Um, que é essa Consciência Única e Universal que emanou a Humanidade.
A Dissensão nos Enfraquece, a União nos fortalece! Ainda dá tempo de salvar a vida planetária, porque é dela que todos dependemos estritamente para seguir existindo.
Enquanto não ajustarmos o eixo interno que equilibra nossa percepção de autopreservação, seguiremos permitindo ou contribuindo para que as oscilações desses “polos da ignorância” ora para a direita ora para a esquerda, venham exterminar nossas raízes e todas as possibilidades de sobreviver a aventura de viver.