Valéria A Gurgel
Pode parecer metafórico, mas não é.
O silêncio sabe cantar! E é um canto magistral, suave, sublime e ecoa nos quatro cantos do orbe.
Ele solfeja o tom de nossa alma e não perde o compasso, nem o ritmo, porque o silêncio tem andamento melódico. Ele é regido pelo Maestro divino e em suas mãos está a batuta dourada da essência universal.
Acreditamos por largos anos que este silêncio fosse o dos lábios emudecidos. Não, esse é apenas ausência de palavras articuladas que emitem sons. Os graves, agudos, roucos, estridentes. Palavras bonitas sussurram em nossos ouvidos e nos comovem, nos encantam. Mas, palavras rudes gritam, assustam, ferem e também nos mata.
Às vezes conseguimos somente acalmar um pouco a mente tagarela que fala pelos cotovelos. Ela nos mente o tempo todo e ainda é intrusa, dá palpite mesmo sem pedirmos. Ela sabe até inflar nosso ego.
É quase impossível silenciar a mente!
Os estudiosos do cérebro humano dizem que somos capazes de gerar em torno de setenta mil pensamentos por dia! Ou seja, três mil pensamentos por hora e cerca de cinquenta por minuto. O que seria aproximadamente um por segundo!
Se pudéssemos peneirá-los numa peneira de aço do bom senso criterioso, talvez sobrariam poucos que valeriam a pena aproveitar!
A mente é veloz! Poderia ser comparada com a velocidade da luz! É muita energia sendo gerada ao mesmo tempo. Uma cerebrelétrica humana e até então não fomos inteligentes e capazes o suficiente para entendermos e usarmos todo esse potencial condensado que possuímos para gerar cura e plenitude.
E quando nos vem a vaga ideia de silenciarmos essa potência, assustamos tremendamente.
O grande paradoxo entre o SOM e o SILÊNCIO talvez esteja exatamente aí.
O SILÊNCIO que chega a inutilizar a força das palavras articuladas ou pensadas é o SILÊNCIO MELÓDICO DA ALMA
E quando ele entrar em total sintonia com o COSMOS, assim como sinalizou Khalil Gibran,
Cantaremos, o Canto do Silêncio, a Música das Estrelas!
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