Valéria A Gurgel
Não precisamos ir longe.
Basta um olhar atento e um sentimento empático para ver com os olhos de ver e sentir com o coração de sentir!
Vivemos no mundo das utilitariedades...
E junto das utilitariedades vem o pacote completo:
As vaidades, as vãs necessidades, as ilusãoriedades, as inverdades, as perigosas publicidades, as dispersãolidades, etaridades e com tudo isso o desvalor também da maioridade.
Ou seja, o desrespeito no utilitarismo é praticado a partir das coisas, passeia pelas plantas, encosta em nossos irmãos animais e desaba finalmente nas pessoas idosas!
Não era de se esperar que fosse diferente! Não era para se esperançar resultados diferentes se iniciamos a vida fazendo laboratório nos próprios brinquedos!
"Educai a criança para que não seja necessário punir os adultos"! (Pitágoras)
Mas, o processo involutivo está acelerado demais e a cada dia assistimos um triste cenário. A divina e essencial arquitetura da ética se desabar. Os alicerces da moral humana sendo construídos com pedras de isopor e armações de plástico!
Uma construção segura necessita dois pilares resistentes para receber o telhado que abriga. O pilar da tecnologia está sólido e robusto, enquanto o pilar da moral está fragilizado, desabando!
O Respeito e a gratidão por tudo e por todos, pelas coisas que usamos, pelos animais que nos servem e os que nos dão tanta companhia e amor. Pelas pessoas que de certa forma contribuem com a nossa vida, mesmo sem nunca conhecê-las e também com as com quem convivemos e temos laços eternos de sangue ou não, merecem ser enxergadas de outra forma!
Nada e ninguém existe ou passou por nós sem uma razão de ser! De certa forma veio para nos auxiliar, para contribuir para nossa vida se tornar mais fácil, ou mais difícil, mais alegre ou mais triste. E ainda que não percebamos, no fim, tudo vem com a função de nos ensinar algo, nos ajudar a crescer, a evoluir.
Ao analisarmos o lixão de nossas casas, de nossas cidades entendemos muito da percepção de utilitariedades em que estamos vivendo.
Enquanto nos serve, tudo bem. Não precisamos mais, esquecemos, abandonamos, deixamos apodrecer, mofar, adoecer, morrer.
Se o fazem com as flores, dos altares, das cermônias e festas ilustres direto para as caçambas e lixão imagina com os nossos valores?
Valores? Que valor poderá ser destinado a um animal doente, uma planta murcha, ou a quem dedicou toda a sua vida ao outro com amor e hoje se encontra acamado, adoentado?
As memórias afetivas se morrem e perdem a razão de ser e de existir à medida que começamos a ter olhos voltados apenas para os nossos umbigos!
Aquele guarda chuva no armário jamais será lembrado nos dias ensolarados!