Valéria A Gurgel
O mecanismo da vida nos leva a uma percepção e raciocínio lógico como numa equação matemática, ou como numa oração e suas normas gramaticais.
É uma sucessão de ações verbais criteriosas,
associadas a substantivos e adjetivos diversificados que vão se repetindo.
Entre o pensar e o agir há algumas fendas, que separam um processo do outro. Ações que podem parecer imperceptíveis, mas não são. Como uma correia dentada. É mesmo uma engrenagem, para dar o verdadeiro sentido à vontade, no processo do viver.
Uma vida sem vontade é cega. Mas a vontade precisa enxergar a sabedoria para abraçar o trabalho e acolher o amor.
A vontade sozinha é vã. Apenas um mero substantivo, sem ações, sem disciplina nem análise de estratégias. O labor e o amor precisam comungar de uma mesma linguagem rimada e isso se chama sabedoria.
Vontade só, não basta! Quantas vezes ouvimos essa frase bastante exclamativa que denota total admiração.
Dizem que de boa vontade o mundo anda cheio. E é verdade. O que mais se vê são meros desejos para se enaltecer o ego. A pujança vem a frente. Os demais atributos sempre ficam de fora do pacote.
São predicados pensados, ou meras palavras proferidas em alto tom, simplesmente da boca para fora.
Não basta apenas querer fazer. É preciso uma vontade visceral, que irradie luz e traga claridade à escuridão de uma vida comodista.
Lembre-se que a pior preguiça é a mental, e ela adora se esconder em cavernas subterrâneas.
Por isso que toda vontade isolada é obscura e se torna cega. A sabedoria não se oculta e nem dá desculpas. Ela traz a iluminação e abre os olhos da mente. Sacode a letargia, não perde tempo, nem se acomoda.
Ela questiona e reflete toda à vontade, para que a vontade possa enfim, enxergar a lógica de sua decisão.
A sabedoria sensata é aquela que comprova a sua teoria com a própria ação. Arregaça as mangas e não se dá ao luxo dos desculpismos. Porque o trabalho é sábio e consciente e coloca a mão na massa. Faz acontecer.
Mas, todo trabalho, independente de qual seja, ou do tamanho dele, também se torna vazio e sem sentido. Um ofício pequeno, sem graça, monótono, cansativo, se faltar um elemento primordial que o alimente. É o que faz a massa desse labor crescer, é o tal do fermento. O fermento do amor.
Khalil Gibran tinha uma profunda percepção sobre o real sentido da vontade. Ele afirmava que:
“A vida pode ser, de fato, escuridão se não houver vontade. Mas, a vontade é cega se não houver sabedoria. A sabedoria é vã se não houver trabalho, e o trabalho é vazio se não houver amor.”
É essa a engrenagem da vida que move o mundo. A vontade, agregada a outros elementos fundamentais que vão se metamorfoseando. Até se transformarem na massa refinada, que cresce robusta, a realização.
E assim, o Ciclo da Vida Humana passa a ter uma razão de Ser.